Viver bem, comer bem

Minha noção de viver bem inclui tranquilidade, segurança, beleza e sentidos satisfeitos. Isso quer dizer que não há dinheiro no mundo que me seduza a ponto de perder prazeres essenciais na minha vida. Entre eles, o prazer de comer bem, em lugar bonito e lúdico, é um deles.

Estivemos em Santiago, no Chile, no último carnaval. Confesso que fiquei encantada com a cidade, com o povo e, principalmente, com as vinícolas. Além do óbvio (conhecer a maneira como bons vinhos são produzidos), fiquei alucinada durante nosso almoço na vinícola Viu Manent. E não é pra menos: basta dar uma olhada nas fotos pra entender o que eu estou falando.

O restaurante nem parece restaurante. Parece a casa daquela avó que mora na roça, cujas paredes são de cimento batido e irregular. Os lustres são um constraste: lindos, brilhantes, levemente coloridos conforme a luz do sol os encontra. Algumas mesas lá dentro e um quintalzão lá fora cheio de outras mesas de madeira muito maciça, bem pesadas, largas, firmes.

As mesas do quintal ficam à sombra das videiras, os cachos tão cheios e pesados que deu pra sentir o perfume das uvas quando sentamos embaixo delas. Parecem que vão cair sobre nós. O atendimento é um quesito maravilhoso a parte. Discretas, conhecedoras dos vinhos que produzem, atentas: as moças que nos receberam com suas taças de cristal finíssimo eram parte do refinamento que começava. O lugar é rústico só no modelito. Quanto à comida, só posso dizer uma coisa: foi a melhor de muitos e muitos tempos. E o preço? Extremamente honesto.

Indico demais: conheçam Viu Manent e almocem por lá. Vale muitíssimo a pena.