Nasci com cabelos escorridos, finos, e sempre usei compridos na infância. Quando comecei a me entender por gente, lá pelos 16, 17 anos, passei a encaracolá-los: fiz 4 ou 5 permanentes para dar "jeito" naqueles fios. Adulta e com menos vontade de usar química, passei a usar gel e outras coisas para ondular. Adorava meus cabelos compridos e cheios de onda e olha que a Gisele nem andava desfilando por aí. Parei de usar tanta coisa há pouco tempo, agora, só tratamento mesmo. Tem valido a pena, mais libertador ;)
Minha sobrinha mais velha nasceu com cachos e até hoje (está com 19 anos) tenta alisá-los. Usa chapinha, alongamento, progressiva, e por aí vai. A sobrinha do meio, ao contrário, cabelo liso e comprido, não entende porque não ganha umas ondas nas madeixas (mas, nunca fez nada porque só tem 13 anos). É assim mesmo: o sexo feminino nunca está satisfeito com o que tem, principalmente em se tratando de cabelo.
Acho a vaidade saudável desde que não seja neurótica, nem atrapalhe a vida social. Pois é: tem gente que não sai de casa de não estiver "montada", nem vai malhar para não desmanchar a escova.
Por isso me assustei tanto com uma reportagem da Record sobre a vaidade infantil. Gente, crianças, me-ni-nas de 9 anos fazendo drenagem, indo ao spa (uma porque "engordou" 1 kg), outra fazendo sobrancelha e etc. E as bocas, então? Batom vermelho, unhas roxas, olhos pintados. Meus deuses, que medo! Cadê as mães dessas criaturas?
Acho o máximo criança comendo direito, brincando enquanto se exercita, usando filtro solar para proteger a pele, vestindo roupa bacaninha. Mas, é só. Mais do que isso é puro despropósito.
Outro dia, falei durante um evento que tanta coisa boa que existe hoje (principalmente os anti-age) deveria existir há 15 anos. Com certeza, minha pele seria bem melhor, pois teria começado a cuidar mais cedo. Hoje se fala que a idade ideal para iniciar um tratamento é aos 25. Mas, gente, aos 9 não dá, simplesmente, não dá. É inaceitável também imaginar que profissionais se sujeitem a "tratar" uma criança só porque estão sendo pagos.
Enfim, a indústria daqui a pouco começará a atentar para essa tendência. Ou avisando na embalagem que alguns produtos são inapropriados para o consumo infantil, ou fabricando outros, mais compatíveis com a vaidade mirim. Será o fim do mundo? Não, é o consumo mais consciente tentando se ajustar ao fim do bom senso.